quinta-feira, 7 de junho de 2012
Ausente - autoria Avis Rara, parapoucos-avisrara.blogspot.com
Como se morto estivera
ou como quem ainda não nascera;
como se da voz lhe tivessem
extraído todo o som;
os ouvidos, são duas portas cerradas
por onde nem voz, nem sim, nem não
encontram passagem;
e seus olhos como se não vissem
outra coisa além da escuridão,
assim é aquele a quem me dirijo
É este para quem verso:
o que habita a espessa bruma
do longínquo Quando
Por isso não sei se ausente
ou se já a alma não lhe é presente,
pois o corpo jaz inerte
na finitude do Agora
De verso – inverso,
pois desconhece destinatário
e para mim retorna –
faço este caminho
Enquanto minha oração ecoa
no Céu e revolve o Seol
Assim cheguei ao limiar do Abismo
e até que seja Dia perfeito
espero Aquele que tem nas mãos
as chaves da Morte e do Inferno
Este, que das portas, apenas sussurra
e das sombras surge um nome
É O que me apresentará a ti
quando meus versos
não baterem mais contra as paredes
da dura Espera
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