quarta-feira, 3 de julho de 2013

Casca de Dentro


Eu quero a realidade dura
Melhor que ouro de tolo
Ainda que me cubra a paúra
Não quero descobrir que o ovo,
afinal, era o fruto da víbora
Que seja a verdade a forja deste sorriso
que é um riso miocardiano, pungente e espremido
É quase um gemido
Que me venha franca a vida
com todo o seu desenrolar
Com véus já desfiados a desvendar
Subindo lenta as ladeiras
Despencando dos arranha-céus
No adeus e na lágrima que caiu na rua
Na bala que matou a criança faceira
No temporal que varreu a casa
Na veloz informação que chega crua
Na fria lápide da recordação
Na tua mão que não chegou
a tempo de encontrar a minha

M. Cristiane Cases