segunda-feira, 27 de abril de 2015

Maria Aparecida Roxo Rodrigues escreveu: Outras em mim




E se pelo avesso
eu fosse outra?

Correndo pela terra seca
levantava poeira
brincava com os pequenos
e me comprazia com as risadas.
Pintava as paredes de barro
e morava dentro de mim.
E se pelo avesso
eu fosse outra?
Caminhava devagar pela mata
colhia ervas
macerava
preparava tinturas
e dançava sem estar em mim.
Outras dançavam no meu corpo.
E se pelo avesso
eu fosse outra?
Então,
pelas frestas do tempo,
nas dobraduras do ir e vir,
o caminhar das outras
vem pulsando em mim.